sexta-feira, 14 de março de 2014

Amor literário #ProjetoPerceu 05

           Não sei quantas vezes baterei na mesma tecla dizendo que ao acabar esse livro estarei entrando numa nova fase de se viver coisas novas e desapegando de traumas vividos.
           Sim, eu tenho essa mania de se auto-flagelar. Todos os escritores tem isso.
            Todo mundo um dia se apaixona. Mas existem aqueles que acham que o amor é reciproco, enganam-se ao perceberem que na verdade tudo não passa de um cotidiano e aquele amor nada mais é que unilateral, vindo somente de uma direção.
            Eu fui um desses. Não tenho vergonha em dizer.
            Ninguém esquece aquele primeiro amor (unilateral), mas eu aprendi uma forma de esquecê-lo. E quando falo em esquecer estou dizendo que não quero apagá-lo da minha memória, mas sim transformar aquela raiva e ódio irracional de momento em aprendizagem e um fato engraçado para se contar aos meus filhos e netos. Escutei um dia que "As minhas desgraças de hoje são as minhas piadas de amanhã." Então porque não transformar aquele sentimento sem sentido numa grande piada cheia de trocadilhos e floreios sobre a vida?
         Katherine no meu livro trás isso. Essa piada que dentro de mim antes era nada mais que uma vontade de explodir. Seu personagem se centraliza diante de um complexo sistema de estar dividida entre o amor e seu estado racional, onde podemos pensar: A quem eu devo seguir? Meu coração, carente, imprestável ou meu cerébro, racional, pensativo? Katherine muitas das vezes se depara com situações em que o desejo tomou conta de seus sentidos e com isso cometeu várias burradas. Muitas vezes eu me senti assim, insatisfeito por ter seguido caminhos diferentes dos quais a minha razão deveria ter seguido.
        Amar alguém para mim foi uma experiência libertadora no sentido literário. Foi como uma grande bomba nuclear prestes a eclodir dentro de mim mesmo, o que abriu minha mente para criações e situações que elaborei com o minimo cuidado. É perigoso? Sim, muito. Mas recíproco. Sempre pego meus amigos me perguntando quando será meu próximo sofrimento amoroso para que isso possa dar frutos. Então me tragam o vinho e os chocolates que estou preparado. Só que não.
          O projeto Mistério na Casa Percye foi uma pespectiva de fugir daquilo que um dia me fez sentir fora de mim. O grande motivo é mostrar aos leitores os sentimentos intímos que um escritor possa passar e com isso fazer com quem lê se identificar com os personagens. Nunca fui de ser direto com pontos, por isso necessito urgentemente e diariamente de pontos de fuga dos quais a minha imaginação possa ser a encarregada de exasperar o fluxo de ideias em minha cabeça.

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