quarta-feira, 26 de março de 2014

Embriaguez #ProjetoPerceu 09

          São exatamente 22:43 e não conseguirei dormir até que meu estado volte ao normal. Se é que eu entenda o que é ser normal.
          Dentro de mim algo grita: TENTE, TENTE, TENTE! Mas eu sei que as coisas não dependem só de mim, nem do terreno em que me encontro. Sempre achei que a vida não tinha seu lado ruim, mas ele se chama TENTAÇÃO. E se não conseguir controlar isso posso levar tudo por água abaixo.
           Às vezes me sinto como um animal preso dentro de uma jaula, que fica a andar de um lado para o outro sentindo que seus instintos estão reduzidos apenas a quatro paredes. Estou numa cidade em que as possibilidades de fugir se encontram minimizadas e em consequência  disso o animal dentro de mim se encontra possibilitado de praticar seu instinto de predador. Mas quem eu quero enganar?     Esqueça.
            Entrei hoje pela manhã na cafeteria que sempre costumo frequentar. Entre doses de café e colheres que fazem círculos dentro de xícaras, eu via os olhos daqueles que me encaravam. Não consigo pensar como alguém pode se prender dentro de si mesmo, enjaulando seus desejos e vivendo de uma forma limitada. E como muitas vezes, religião, paradoxos conceituais ou a tentativa de ser “alguém correto” serve como um escudo para aquilo que muitos chamam de “Caminho incorreto”. Caminho incorreto para mim é viver sendo quem você não é, sendo aquilo que a sociedade quer que você seja, preso a fios invisiveis de uma linha de controle e poder.
           Agora eu escrevo exatamente dessa cafeteria, sentado nessa pequena mesa, nessa pequena cidade, rodeado de olhos que me observam buscando controlar o impulso que os prende dentro de si mesmos. E tudo não é uma utopia. Procure o significado de distopia e você verá que aos poucos estamos nos encaminhando para isso. Um futuro próximo que está prestes a acontecer.
         Alguém esbarra em meu ombro e pede desculpas, esse mesmo alguém se perde em seu mundo e uma tela reduzida de cristal touch screen. Por trás dessa tela as coisas tomam formas, se obtém poder de conquista, nos sentimos confiantes o máximo para não nos importarmos com as culpas que pode cair sobre nós ao saber quem somos.
         Mas o conceito se perde.
         A estrutura tende a desabar.
         Seu espaço é invadido.
         E não há mais solução.
         Qual a verdadeira assimilação do estado de embriaguez com o poder de criar situações? Muitas. Inclusive a de se imaginar nas mais inusitadas situações que sua mente - presa a um impulso não satisfatório - possa imaginar. Lembro-me exatamente daquele noite em que sai com meus amigos para uma festa da qual a minha expectativa era que pelo menos eu pudesse viver algo do qual necessitava ser extrapolado. Lembro-me dos desejos, das pessoas, dos fatos que esbarravam em mim mostrando o quanto o destino não estava preparando nada ao meu respeito. Hoje eu começo a rir com tal fato enquanto leio aquilo que narrei. Cheguei em casa com um impulso de escrever descontroladamente, mesmo que não tivesse nada em mente, mesmo que não saísse nada, mas eu precisava escrever, precisava tirar de dentro de mim aquela vontade de descontar nas palavras o que não consegui na ocasião em que me encontrei. Se você ainda não entendeu  posso resumir em poucas palavras: PLANOS TRAÇADOS INCORRETAMENTE, O IMPULSO NÃO CONTROLADO E NÃO REALIZADO. Abri meu bloco de notas e comecei a digitar freneticamente como se aquilo fosse um remédio para aliviar minha frustração. Quando começo a escrever é sempre assim, nesses momentos em que me acho na expectativa de que escrevendo estarei tirando problemas da minha cabeça e quem sabe com isso realizando meu papel de escritor para o mundo. A maioria dos meus trechos são assim, passagens de momentos dos quais eu vivi intensamente não importando meus estado atual de lucidez.
           Hoje eu olho para trás e penso se o que eu fiz, se o que eu deixei de fazer, o que eu escrevi e se as pessoas, aquelas mesmas que me encaravam e escondiam seus instintos dentro de suas covinhas rosadas não são o ponto chave para a revolução que acontece dentro de meu âmago.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Haunted Hill #ProjetoPerceu 07

       Em 1991, a Avenida Blackspot possuía uma das maiores clínicas psiquiatras localizadas em Londres. Haunted Hill foi construído na década de 60 como um apoio ao estado na internação de presidiários que eram considerados um alarme para a população londrina.  Maniacos, estupradores e doentes esquizofrênicos eram internados com o intuito de serem analizados, para que de uma forma incomum, conseguissem entender como a mente de um psicopata poderia agir em casos de atentado e terrorismo a uma nação tão desenvolvida como a da Europa. Uma mera desculpa como forma para não lotar as prisões do estado e não trazer à tona os casos raros que muitas vezes foram manchetes em jornais locais.
       Johasson Berk, o famoso estripador da Boulevard Sul, estava internado exatamente na ala vermelha, que possuía esse nome no intuito de hospedar aqueles pacientes que se encontravam afastados, não podendo de forma alguma entrar em contato com os demais internados, sendo assim de altíssimo risco. Seu comportamento era arisco e aviesado, muitas das vezes foi preciso usar da força para controlar seus impulsos e nada mais que cinco miligramas do mais forte sedativo para acalmar nosso amigo.  Johasson matou 21 mulheres num período de um ano. Elas andavam durante o parque nas tardes ensolaradas sob as sombras proporcionadas pelos enormes troncos de uma árvore chamada Coração negro que se estendia em filas. Tirando esse fato, tornava-se um lugar sombrio e estranho para se andar fora do pico de circulação de pessoas. Vinte e um era um número de sorte, que o levava a uma nova posição no universo cósmico que daria forças para que conseguisse um atentado geral ao governo. Porque afinal de contas ele tinha planos para isso. Segundo sua ficha psiquiátrica que foi juntamente inserida com sua ficha criminal das quais formaram o passado vigoroso de Johasson, ele não apenas capturava suas vítimas enquanto essas estavam distraídas em seus passeios vespertinos, como também estuprava. E segundo ele, essa "purificação da carne" após o coito era que dava a energia necessária para o sacrifício final, onde com uma lâmina de vinte centímetros, ele abria o pescoço da vítima de orelha a outra.  Johasson foi preso na sua tentativa de vítima número vinte e dois quando uma policial disfarçada serviu de cobaia para que o maníaco fosse preso. Após sua prisão, do qual não abriu  a boca para levantar algo a sua defesa, foi encaminhado para o Haunted Hill onde até o momento vivia isolado num quarto recebendo apenas visitas de duas enfermeiras especializadas que o alimentavam e quando precisavam trocavam os curativos ocasionados pelas cordas que o prendiam nos momentos de delírio em que precisava ficar imóvel em seu leito.
       Haunted Hill era cheio dessas figuras ilustres que chegavam por ordens de mandado. Nesse mesmo local, um médico chamado John Porthg iniciava suas pesquisas com o título de Morte: O que um trauma pode ocasionar? O doutor John estudava os efeitos que aconteciam naqueles pacientes que presenciavam a morte de perto, ou seja, os traumas ocasionados na mente de pessoas que viam familiares, amigos, ou pessoas relacionadas morrerem. Era um estudo recente, porém que futuramente serviria como base para diversos tratamentos para a psique humana. Para a grande maioria das pessoas, principalmente aqueles que não se prendiam a uma religião salvadora que mostrava uma vida após a morte, morrer era tido como não algo totalmente natural, mas sim um eterno buraco negro que não tinha fim e sem sentido de ser pesquisado. Morrer era deixar de existir. Morrer era deixar de estar com quem era importante em suas vidas. Morrer era desapegar.
       Dr. John usou alguns dos pacientes encaminhados para o centro como cobaia. Inicialmente não existiam testes físicos, apenas questionários prolongados que se estendiam durante horas, onde os pacientes deveriam relatar tudo aquilo que passava durante a experiência de morte dos seus entes. Futuramente os testes seriam feitos com aqueles que apresentaram os sintomas que o médico achasse necessário para sua pesquisa. Os doentes não serviam apenas como estudo, mas também passavam pelo tratamento necessário para a cura. Se é que existia cura para algo tão assustador como o fato de que você irá morrer um dia. Mas os estudo nunca aconteceram.
     Valentin Clinton não estava destinado a essa pesquisa. John Porthg foi designado para auxiliá-lo em seu tratamento que consistia em tirar o grande trauma de Valentin: Extrair  de sua mente a ideia que uma mulher chamada Cibele existia e que ele teria tido uma filha com ela. Durantes noites seguidas o Dr. John ouviu o nome dessa mulher ser exclamado pelo seu paciente nas noites de delírio. Valentin era um homem curioso que relatava sua história de vida de uma forma engraçada. Numa época distante foi um homem apaixonado que foi casado com uma mulher excepcional que lutará para que o marido pudesse enfim voltar para casa curado e viver ao lado de seu filho. Pena que isso não aconteceria.
    Durante uma manhã, faltando apenas quatro dias para que o natal chegasse, John Porhtg pegou seu carro esportivo do ano de 1991 onde teria que ir até sua sala no centro clínico e pegar uns papeis importantes sobre seu estudo para ser revisado. Sorte que um grande engarrafamento que ligava a travessa principal de Blackspot a Haunted Hill impediu que nosso médico chegasse a seu destino. Minutos mais tarde ele foi descobrir que o motivo de tal engarrafamento nada mais era que o número de curiosos que impedia que o trânsito andasse por estarem vendo um grande incêndio que acontecia na mesma clínica onde John deveria estar. Caos total. Manchetes estampadas durante a manhã seguinte. John nunca imaginou a sorte que poderia ter.
     O grande motivo do incêndio relatado pelas investigações locais foi que um dos pacientes tinha ateado fogo em um dos quartos dos quais habitava. Por intermédio de suborno ele havia conseguido álcool alegando estar com um pequeno corte do qual precisava ser limpo. Anteriormente ele também tinha conseguido de outra enfermeira fósforos para poder acender um cigarro, coisa que era altamente proibida dentro do local tanto para funcionário e estritamente para pacientes. Com fósforos e em poder do pouco de álcool foi o suficiente para que o incêndio saísse do seu quarto e se alastrasse por todo o hospital psiquiátrico. Momentos depois foi que o Dr John conseguiu entender que esse paciente que cometeu tal calamidade, matando diversos inocentes foi nada menos que Valentin Clinton.
     John ficou responsável por ajudar as famílias a receber tal noticia e poder reconhecer os corpos daqueles que ficaram totalmente carbonizados e irreconhecíveis. A família de Clinton não foi encontrada pelo motivo da esposa de nosso paciente incendiário ter se suicidado ao saber que tal calamidade teria sido cometido por ele. Seu filho e agora órfão foi enviado para um orfanato local e até hoje não se sabe noticias sobre seu paradeiro e muito menos de sua vida.
     Toda a população de Londres ficou chocada durantes dias com o acontecimento que marcou por anos a história londrina. No local onde se localizava a clinica foi construída uma homenagem as vítimas do incêndio de Haunted Hill, como ficou conhecida. O Dr. John teve que abandonar seu estudo, uma vez que não possuía material para isso e muito menos cobaias para suas experiências, mas futuramente ele foi condecorado com outras pesquisas no mesmo setor. Hoje nosso médico está aposentado e ainda trabalha escrevendo contos e crônicas para um famoso jornal local.

domingo, 16 de março de 2014

FÓSFOROS ÚMIDOS #ProjetoPerceu 06

     

     
       Durante todo o processo de criação pensei em diversos nomes que realmente levassem a transfigurar minha história. Todos os nomes que pensei remetiam a outras obras, outras fontes e principalmente a uma ideia diferente daquilo que sempre pensei em escrever. Posso estar errado em dizer isso, mas Fósforos úmidos será uma sequência de dois livros, sendo esse o meu primeiro com o subtitulo: Fósforos Úmidos, Reconvexo e do qual ainda não tem data para ser escrito. Mas senti dentro de mim uma necessidade de continuar, não por aumentar as páginas de um livro ou coisa do tipo, mas pelo simples motivo de me sentir carente o suficiente para abrir mãos dos personagens dos quais passei muito tempo criando.
       Fósforos úmidos vem com esse titulo com a ideia de transmitir algo impossível de ser feito. Alguma vez você já tentou acender um fósforo úmido? Te confesso que sua tentativa será frustada. Da mesma forma se encontra a vida de alguns dos meus personagens. O próprio Michael Kansky se sente confuso com a ideia de entrar numa investigação quando sua vida se encontra num verdadeiro estado de caos. O conceito de impossível se propaga em muitos aspectos que levei para a criação do enredo. É difícil sentar e pensar "Bom, agora chegou a hora de escrever uma história!" porque isso se torna não uma motivação para se escrever, mas um fardo diário que sua mente irá se submeter em ter uma obrigação em ter que digitar diariamente em torno de 20 páginas sobre algo que muitas vezes não faz o menor sentido.
      Quando se acende um fósforo, ou seja, quando se tem uma ideia, temos o direito de mostrar para todos o quando nossa mente é capaz de transformar nossos pesadelos em relatos genéricos daquilo que devemos transmitir para o outro como uma verdadeira lição de moral.
      Tudo começa com um incêndio, com um motivo, com um final e um desejo que nossas ideias sejam repassadas adianta não como algo impossível, mas sim realizadas diretamente da forma como sempre queríamos. Fósforos úmidos vai na ideia de conhecer verdadeiramente o outro, transpor rótulos impostos pela sociedade e viver de perto um romance policial que sempre foi o motivo que me fez escrever diariamente com a ideia de posso transformar minhas ideias e meu talento em uma carreira.
       Vos apresento FÓSFOROS ÚMIDOS, meu primeiro trabalho literário que em breve poderá ser desfrutado nas versões física e digital.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Amor literário #ProjetoPerceu 05

           Não sei quantas vezes baterei na mesma tecla dizendo que ao acabar esse livro estarei entrando numa nova fase de se viver coisas novas e desapegando de traumas vividos.
           Sim, eu tenho essa mania de se auto-flagelar. Todos os escritores tem isso.
            Todo mundo um dia se apaixona. Mas existem aqueles que acham que o amor é reciproco, enganam-se ao perceberem que na verdade tudo não passa de um cotidiano e aquele amor nada mais é que unilateral, vindo somente de uma direção.
            Eu fui um desses. Não tenho vergonha em dizer.
            Ninguém esquece aquele primeiro amor (unilateral), mas eu aprendi uma forma de esquecê-lo. E quando falo em esquecer estou dizendo que não quero apagá-lo da minha memória, mas sim transformar aquela raiva e ódio irracional de momento em aprendizagem e um fato engraçado para se contar aos meus filhos e netos. Escutei um dia que "As minhas desgraças de hoje são as minhas piadas de amanhã." Então porque não transformar aquele sentimento sem sentido numa grande piada cheia de trocadilhos e floreios sobre a vida?
         Katherine no meu livro trás isso. Essa piada que dentro de mim antes era nada mais que uma vontade de explodir. Seu personagem se centraliza diante de um complexo sistema de estar dividida entre o amor e seu estado racional, onde podemos pensar: A quem eu devo seguir? Meu coração, carente, imprestável ou meu cerébro, racional, pensativo? Katherine muitas das vezes se depara com situações em que o desejo tomou conta de seus sentidos e com isso cometeu várias burradas. Muitas vezes eu me senti assim, insatisfeito por ter seguido caminhos diferentes dos quais a minha razão deveria ter seguido.
        Amar alguém para mim foi uma experiência libertadora no sentido literário. Foi como uma grande bomba nuclear prestes a eclodir dentro de mim mesmo, o que abriu minha mente para criações e situações que elaborei com o minimo cuidado. É perigoso? Sim, muito. Mas recíproco. Sempre pego meus amigos me perguntando quando será meu próximo sofrimento amoroso para que isso possa dar frutos. Então me tragam o vinho e os chocolates que estou preparado. Só que não.
          O projeto Mistério na Casa Percye foi uma pespectiva de fugir daquilo que um dia me fez sentir fora de mim. O grande motivo é mostrar aos leitores os sentimentos intímos que um escritor possa passar e com isso fazer com quem lê se identificar com os personagens. Nunca fui de ser direto com pontos, por isso necessito urgentemente e diariamente de pontos de fuga dos quais a minha imaginação possa ser a encarregada de exasperar o fluxo de ideias em minha cabeça.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Qual seu Nome? #ProjetoPerceu 04

         Meu nome é Jake Villain.
         Já parou para se perguntar o significado do seu nome? Ou qual a importância que ele teve para te pertencer?
          Muitas pessoas me perguntaram “por que o Jake Villain?” “Por que se ocultar através de um nome?”
          Houve um tempo em que eu precisava fugir de mim, assim como muitas pessoas precisam no seu cotidiano. Pressões, infância, mudanças, ciclos. Tudo isso leva a uma pessoa ao extremo estado de querer assumir uma outra personalidade. Não que eu seja esquizofrenico ou tenha problemas psicológicos, mas me imaginar como outra pessoa seria a solução que muitos queriam ter.
          E para mim nomes possuem uma enorme importância. Pergunte se lembro-me o nome da minha primeira professora e te responderei. Perguntei o nome da pessoa que dei meu primeiro beijo e saberei te  dizer.
           Nomes e suas consequências, nomes e suas memórias.
           Assumi um pseudonimo como forma de fugi de mim mesmo, como uma maneira de falar o que penso, sinto, grito e não assumir a responsabilidade por isso. Jake Villain. Meu lado malvado, meu lado escuro, meu lado que muitas pessoas tentaram conhecer e não conseguiram.
            Nomes tem significados para mim.
            Quando tiver minha primeira filha, ela se chamará Sophie, que deriva de sabedoria, algo que foi imaculado com destreza ou que possui essa caracteristica.
            Michael é o nome do meu grande amigo, que embora o conheça apenas virtualmente, representa uma grande parcela dos meus amigos dos quais eu confio com toda a minha vida e mudaram ela de alguma forma. Além dele ser o responsável por Mistérii na casa Percye.
             Katherine vem de uma personagem de Dan brown que me afeiçoou. Que antes possuia outro nome, e que esse nome era o motivo de criar um personagem tão forte como ela.
             Percye vem do inglês Perceu, que é o nome de um grande personagem da mitologia grega dos quais viveu grandes aventuras em nossos tempos.
              Perceu significa para mim além de força, uma vontadede viver, de sentir, de continuar com raizes. E basicamente minha históri envolve no grande dilema da Familia Percye permanecer tão viva, intacta e cuidar de seus segredos.
              Nomes também possuem segredos.
              E segredos possuem história e poder.
              Criar personagens está na tentativa de transpôr personalidades, sendo que mesmo assim eles carregam uma forte personificação de seu criador.
              Escreva enquanto você possui talento para inventar nomes e seus significados. Escreva para brincar de Deus nos momentos vagos e tornar isso uma vocação. Escreva para trazer a realidade suas memórias esquecidas num tempo atrás.
              Meu nome é Jake Villain. E o seu?

domingo, 9 de março de 2014

Inspiração #ProjetoPerceu 03

               Meu computador ligado - ou muitas das vezes meu Smartphone aberto em um bloco de notas enquanto trabalho - uma boa xícara de chá e um lugar tranquilo para se processar as ideias. Mas o principal: Uma vida cheia de sentimentos e momentos.
         Escutei, ou mesmo li de diversos autores, que o processo de criação se torna algo rigoroso e na maioria das vezes torturante pelo simples fato de estarem se doando de uma forma total e dolorosa.                    Posso concordar com o fato de que escrever seja um eterno ir e vir em fatos guardados na memória. A maiorias dos escritores usam suas experiências vividas em alguma época de sua vida como fonte para enredos e tramas complicadas. Quer ter um enredo recheado de viravoltas? Comece a olhar a vida das outras pessoas, ou mesmo a sua.
               Quando se decide escrever algo é primordial que se saiba o que vai ser escrito. Um romance, uma história de terror, um suspense, uma carta de amor, crônicas, artigos científicos, etc. Mas não é somente abrir o velho word e começar a digitar freneticamente. Tem-se que ter base no que vai ser escrito e prática. Como vou escrever sobre os lobisomens que crescem no lado oeste do Bromelina se não tenho lido histórias sobre isso ou nem tenha feito pesquisas a respeito do seu comportamento? Escrever requer pesquisa e prática no assunto.
              Quando eu era jovem lia diversos livros sobre a cultura brasileira, na maioria das vezes como uma atividade extracurricular da escola, mas sempre como diversão. Mas a cultura brasileira nunca foi minha praia e tive que fugir do meu regionalismo e entrar de cara na literatura internacional. Fantasia e romances policiais sempre me fascinaram, mas ainda não me sinto um Tolkien ou Martin para me aventurar nessa área, apesar de ter vários rascunhos de histórias de fantasia sobre mundos criados que me servirão em algum momento. Romances policiais sempre me fascinaram pelo motivo de serem tão realísticos e crus, o que tornavam para mim uma forma de ver o mundo de outras formas.
              Pistas deixadas em cenas de crimes, os sentimentos dos personagens se misturando ao caos em descobrir uma resposta para assassinos em série.
              A casa da colina, Stieg Larson e outras obras são grandes exemplos de obras que me fizeram refletir em criar uma história que me pertencesse. O meu conto além de mostrar uma Londres que ninguém conhece e seus personagens cheios de segredos e cumplicidades, mostra um Eu que ninguém conheceu de fato. Na minha opinião escrever algo requer dar um pulo em algumas lembranças dolorosas, momentos de alegria em êxtase e usar como base para que seus personagens expressem aquilo que muitas vezes você não quis mostrar.
             Escrever é e relatar sua alma. 
             O principal é que você tem que escrever. Escreva quando quando se precisa. Escreva dia e noite, escreva para se sentir livre, não importa onde nem quando. Apenas escreva. Escrever está no processo de se criar inspiração. 

domingo, 2 de março de 2014

Beta #ProjetoPerceu 02



            Meu nome era Valentin Clinton.
Era. Porque estou morto há dezoito anos.
Não sei se você me perdoaria pelo que fiz, mas matei diversas pessoas. Não que eu tivesse algo contra elas, apenas não confiei mais nelas. Eram tolas, falsas e tinham a vida como um grande teatro ao céu aberto.
Odeio pessoas que me enganam. Odiava ter que viver minha vida, que já não era lá essas coisas, em meio as minhas próprias mentiras que me magoavam e tiravam lascas de sangue, lágrimas e sensibilidade.
Eu odiava ser sensível. Mas isso foi há muito tempo. Agora estou morto e nada mais importa. A não ser o fato que você irá me odiar por isso.  
Preciso de mais um gole.
Queria poder me imaginar como seria se ainda estivesse vivo. Se meu filho teria a minha mesma aparência de quando eu era jovem, saudável e ainda suportava viver nesse mundo. Queria ter dado mais atenção a ele, mas tive que abandoná-lo. Deveria estar no inferno a essa hora, mas não estou. Porque enquanto estava vivo vivia nele. Não sei onde estou. É tudo escuro e pútrido e apenas uma lamentação me corrói.
Eu tinha amigos. Era sempre assim, quando a bebida abria, eles apareciam.
Uma dose: dez amigos.
Duas doses: quinze amigos e uma namorada.
Mal os conhecia, apenas faziam parte do meu circulo de amizades, mas quando passavam por mim na rua, dias depois, fingiam que não me conheciam. Talvez fosse culpa da bebida que havia reduzido o mágico milagre da multiplicação. Mas não me importava. Companhia sempre foi algo descartável para mim. Mas houve uma época que eram tantos. Houve uma época em que as aparências eram o que importavam.
Dinheiro? Okay.
Status? Okay.
Bebida. Fama. Um bom emprego. Uma pilha de revistas vogue sobre o entalho da cama. Uma caixa de preservativo sabor morango. Ações que multiplicavam a cada semana. Uma prateleira de livros intocados. Um bidê, de preferência cor rosa. Uma família totalmente puritana e consumista. Confere. Confere. Confere. Confere.
Ainda me pergunto se realmente fui louco. Se realmente foi preciso me colocarem naquele lugar. Sorte que hoje ele não existe. Graças a mim.
O grande problema em Haunted Hill é que ninguém era revistado. Se pudesse poderia trazer qualquer coisa do lado de fora. Uma faca, uma bomba, veneno para consumo. Mas eu não podia sair dali. Tudo que via durante meus dias eram paredes brancas que giravam em minha mente e em meus pesadelos. Mas nada que um sexo casual com algumas das enfermeiras não resolvesse o que eu mais queria. E assim eu tinha um plano traçado.
Não me julgue pelos meus atos. Acharia mais correto você me julgar pelo que penso em relação aquilo que sempre enxerguei durante toda minha vida. Você pode dizer que fui errado em ter tirado vidas inocentes, mas essas mesmas vidas faziam parte do sistema e precisariam serem sacrificadas para mostrar a realidade em que me encontrava. Não pretendo ser nenhum Hitler.
Se eu não jogo futebol perfeitamente me chame de estranho.
            Se eu não aprecio a música clássica que está nas vitrolas, me chame de estranho.
         Se minha roupa não é suficiente a exata para mostrar meu lado sério ou descolado, me chame de estranho.
         Se eu viro as costas para as picuinhas e conversas sobre sexo, farras e bebidas da qual não faço parte, me chame de estranho.
            Se eu não sou daqueles que fala mal dos outros para conseguir entrar nas rodinhas de conversas, me chame de estranho.
            Se eu não tenho o mesmo gosto sexual que a maioria, me chame de estranho. 
            Mas, além disso, me chame de único, porque é isso que sempre procuro ser. Não são roupas, músicas, rodas de conversas ou uma vida sexual ativa que irá me definir. Não procuro ser exemplo para ninguém e muito menos para uma nação. Tento trazer uma identidade única e com isso fazer com que deixe parte de um legado a um mundo do qual pertenço. 
           Meu mundo que mostra muito além de rótulos, características, papos desconexos. O grande segredo é saber como destrinchar as fronteiras da minha mente imaginária. 
           Calar a boca está muito mais além que fechar os lábios. Está também no grande ato de ignorar o mal que penetra em nossos ouvidos. 

Eu incendiei Haunted Hill. Eu vi o mesmo corpo que transei mais cedo ardes em chamas e gritar não de prazer como antes, mas de horror em saber que a morte é tão humana e falsa conosco. O álcool que tinha pedido mais cedo como desculpa para um corte superficial foi o instrumento perfeito para a cena mais linda que meus olhos poderiam enxergar. Minha obra prima posmortin.
Agora sei que se possível você me mataria de novo. Mas ai é que está a graça. Eu já estou morto. Eu precisava morrer para poder contar essa história. Antes de mim algo foi contado. Agora chegou a minha vez de contar a verdade.